Digital Twin: O Caminho Inteligente para um Planeamento Eficiente

Num mundo cada vez mais conectado, criar relações transparentes, fortes e duradoras com a comunidade, é, de uma forma quase irónica, um dos maiores desafios da governação local. O acesso a cada vez mais informação, o espírito critico afinado e a importância que as novas gerações dão à cidadania ativa põe à prova a capacidade dos nossos municípios em partilhar e obter feedbacks sobre os temas que mais importam e preocupam a população.
Além disto, a diversidade de tipos de dados que necessitam de ser partilhados, que vão desde documentos, a infografias, a informação numérica e geográfica, imagens e vídeo, a necessidade de criar formas rápidas e intuitivas de o cidadão dar a sua opinião, e o facto de que este querer acesso a tudo isto através do seu dispositivo móvel, veio criar um desafio sem precedentes para as entidades municipais.

A Geografia pode ser um factor diferenciador na construção de uma estratégia de envolvimento com a comunidade. A tecnologia ArcGIS oferece ferramentas que permitem recolher, analisar e partilhar informação de uma forma fácil, intuitiva e eficiente. Para manter a sua comunidade informada e atualizada sobre qualquer assunto o ArcGIS Hub é a solução.

O ArcGIS Hub faz parte da Esri Geospatial Cloud e permite-lhe criar sites de dados abertos de forma ilimitada. Estes sites ajudam a aumentar a transparência e a construir laços de confiança em qualquer altura mas são especialmente críticos em grandes acontecimentos, como é o exemplo da situação pandémica em que nos encontramos. Com dados que mostram tudo o que é necessário saber, estes sites permitem aos residentes, mas também a outras entidades locais, o essencial para tomarem decisões conscientes. Esta plataforma ajuda as organizações a valorizar os dados existentes, potencia o trabalho conjunto de entidades e população, incrementa os seus resultados e cria comunidades mais dinâmicas e ativas.

Um exemplo da aplicação desta ferramenta é o ArcGIS Hub que a Esri Portugal criou quando a pandemia se instalou no país e que agrega informação da evolução diária da doença, como dados produzidos por outras entidades nacionais e internacionais, informação útil sobre a covid-19 e feeds das redes sociais importantes para acompanhar as últimas noticias sobre o tema. Este é um claro exemplo da diversidade de informação que pode partilhar através do ArcGIS Hub de forma fácil, intuitiva e rápida e que está acessível a todos de em qualquer momento e através de qualquer dispositivo.

Fora do contexto pandémico, o hub GaiaINVEST foi criado pela Gaiurb com o objectivo de potenciar novos investimentos e alavancar os existentes e tem revelado ser de importância vital para a economia da região.

Vivemos num mundo cada vez mais acelerado onde as barreiras do tempo e do espaço há muito foram ultrapassadas e onde tudo acontece a um ritmo quase impossível de acompanhar. Os desafios a uma governação eficiente são cada vez maiores e se é verdade que a pandemia nos pôs a todos a refletir sobre a forma como estamos organizados ela é apenas uma pequena onda num mar de desafios com que o mundo se depara: catástrofes naturais, alterações climáticas, perda de biodiversidade, escassez de recursos, desemprego em larga escala, conflitos sociais e raciais, o desenvolvimento não sustentado, cidades sobrecarregadas, entre outros, fazem parte do nosso quotidiano e ainda que pareça que o impacto destas questões em cada um de nós é muito menor do que o provocado pela Covid19, a verdade é que se não forem controladas, a longo prazo vão afectar-nos de formas ainda mais devastadoras. Além disto, controlar e mitigar os efeitos de qualquer um destes fenómenos requer bastante mais de nós e de quem governa do que aquilo que a crise pandémica tem exigido.

Para ultrapassar estas e outras questões é essencial que exista um melhor entendimento, melhor comunicação e melhor partilha de informação, não apenas à escala do individuo, mas sobretudo à escala das organizações. Atualmente com o apogeu da Transformação Digital, as organizações em todo o mundo têm à sua disposição milhares de dados com informação cada vez mais precisa e profunda sobre o que acontece, onde acontece e como acontece. E é o dever destas entidades não só garantir o correcto tratamento dessa informação, mas também a sua interoperabilidade.

Peguemos então no exemplo da Administração Local. Um município tem que ser em si um agente agregador e difusor de informação. E como se isto não constituísse em si um desafio enorme, tem ainda que garantir que esta informação é entendível desde o cidadão comum, às equipas que tem no terreno, aos executivos que investem na cidade e até ao Governo Central. Perante isto a pergunta que obrigatoriamente se impõe é: como? Que tipo de sistema e que tipo de inteligência pode ajudar as autarquias nesta missão? A resposta é simples: a Inteligência Geográfica. Os Sistema de Informação Geográfica têm ao longo destes últimos anos mostrado e provado a sua relevância para a gestão e planeamento do desenvolvimento do território e esta pandemia com que nos deparamos deu-nos ainda mais a consciência da importância da localização. A Geografia é essencial para organizarmos o conhecimento sobre os fenómenos além de ser um elemento agregador com todas as outras ciências. Os Sistemas de Informação Geográfica disponibilizam a tecnologia necessária para trabalhar de forma virtual todos os tipos de dados e conteúdos e realizar análises que permitem uma tomada de decisão mais consciente.

Actualmente é evidente a necessidade de alterarmos a forma como estamos na sociedade, como gerimos e planeamos as acções/intervenções, evidenciando-se a importância de termos sistemas cada vez mais digitais. Um exemplo claro desta da realidade, do seu poder e importância, são os Digital Twins.

Um Digital Twin é uma réplica virtual da realidade do território. É um modelo digital capaz de ser analisado sobre todas as perspectivas e que fornece dados essenciais para o planeamento que sustenta a tomada de decisão. Ao conseguirmos cruzar informação proveniente de vários sistemas, desde dados em tempo real a cenários de Inteligência Artificial à visualização 3D dos dados, conseguem-se tomar decisões mais fundamentadas, decisões mais eficazes sobre as acções a tomar. Por ser digital este modelo é também muito mais flexível e adaptável o que, como dissemos anteriormente, no mundo veloz em que vivemos é absolutamente essencial. O Digital Twin permite também fazer análises preditivas, antecipar cenários e testar as respostas. Actualmente a Administração Local tem vários desafios que passam por de forma directa ou indirecta melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, tornando as suas cidades em Cidades Inteligentes nos seus eixos de desenvolvimento prioritário.  Quando, por exemplo, pensa na construção de um novo centro hospitalar ou de uma escola ou até mesmo de um edifício ou ciclovia, poder ter nas suas mãos e à distância de um clique uma réplica da sua cidade - onde consegue para além da visualização do modelo da cidade, cruzar a informação com dados em tempo real e ter cenários de avaliação comportamental fundamentados em modelos de Inteligência Artificial - permite ter uma avaliação da melhor localização para a sua implantação reduzindo-se assim, não só, o impacto ambiental mas também social.  Imagine ainda que este modelo seria também a base para comunicar com os diversos stakeholders ao mesmo tempo que lhe permitiria colocar as suas ideias sob o escrutínio da população, promovendo assim a cidadania activa. Tudo isto é possível com um modelo de Digital Twin que pode construir através do ArcGIS Urban. O ArcGIS Urban é não só uma ferramenta de planeamento e urbanismo inteligente, mas também uma poderosa forma de colaboração entre todos os intervenientes nos processos.

Implementar um Digital Twin não é em si só um fim, mas sim um caminho que as organizações têm de fazer para se tornarem mais eficazes, eficientes e inteligentes na resposta aos desafios cada vez maiores de um mundo em constante mutação. E não temos dúvidas que são as entidades que fizerem este caminho aquelas que irão ser mais bem-sucedidas e que irão liderar equipas que trabalham em direcção a um futuro mais sustentável.