28 Abril 2021
EMAS de Beja regista o melhor resultado da sua história com a ajuda do ArcGIS
A EMAS de Beja (Empresa Municipal de Água e Saneamento de Beja) tem, tal como a maioria das entidades gestoras de águas, a redução de perdas como um dos seus principais desafios. Recentemente, esta entidade anunciou ter alcançado o melhor resultado da sua história, registando, no período 2018-2020, uma redução de perdas reais de -50,5% (de 97 para 48 Litros/ramal domiciliário.dia), 19,8% de água não faturada e uma diminuição do número de roturas de 67%.
A tecnologia Esri, desempenhou um importante papel para que estes resultados fossem possíveis. Fomos descobrir com os principais intervenientes qual foi o ponto de partida, qual era o desafio, que dificuldades foram encontradas e como foram solucionadas para alcançar estes resultados.

Qual era o desafio que tinham à partida para este projeto?
Desde de sempre que o tema das perdas de água tem sido uma preocupação na EMAS de Beja (Empresa Municipal de Água e Saneamento de Beja), preocupação esta que transitou dos antigos SMAS de Beja. Com mais ou menos meios próprios, com o recurso mais ou menos frequente a contratação de meios externos, desde há algum tempo se vinham a desenvolver campanhas no sentido de mitigar os volumes perdidos de água nas diferentes redes do concelho e viemos com isso também a ganhar alguma experiência de atuação. Tratava-se, no entanto, de um trabalho muitas das vezes desenvolvido em áreas pouco definidas e onde as campanhas eram efetuadas quase sempre por emergência, em sistemas onde a eficiência das redes de distribuição punham em causa a necessidade dos volumes de água a distribuir. A instalação de projetos piloto na área da monitorização de caudais noturnos data de 2010, o que nos deu um conhecimento prático sobre o poder destas ferramentas na redução de perdas, bem como resultados efetivos bastante interessantes. No entanto, não tínhamos reunidas condições internas para realizar este trabalho em permanência, nem ao nível dos equipamentos nem ao nível dos recursos humanos. Era, pois, necessário criar e formar uma equipa com especial responsabilidade sobre a gestão da rede e a deteção de perdas, validar o cadastro, definir zonas de medição e controlo, monitorizar pressões e caudais e implementar internamente instrumentos para contrariar o valor de perdas de água e aferi-lo com mais rigor.
Qual a solução que implementaram?
A integração da informação disponível em diferentes sistemas, nomeadamente no sistema de gestão operacional e comercial, bem como no sistema de informação geográfica, sempre nos pareceu ser uma mais valia na obtenção dos nossos objetivos, e teve nesta área das perdas de água um papel fundamental na agilidade e perceção do funcionamento das redes. Pode-se dizer que, estas ferramentas de informação dedicada, criadas pelo nosso Gabinete de Informação Geográfica e Gestão de Operações (GIGGO), contribuíram ativamente para o sucesso progressivo do objetivo de redução de perdas de água e acabou também por ser um motor da nossa estratégia.
Como aposta clara da EMAS no combate às perdas de água nas suas redes de distribuição, foi criado em 2015 o Gabinete de Redes e Controlo de Perdas (GRCP), refletindo a necessidade e a vontade de criar uma estrutura que se dedicasse em continuo a esta temática. Uma vez mais, para além de um corpo técnico altamente qualificado, os sistemas de informação e sua interligação em termos de análise voltou a ser uma aposta ganha. Em 2015, com o acompanhamento do já criado GRCP, instalámos o nosso sistema de supervisão SCADA, contributo decisivo para os resultados de ANF<20% alcançados em 2020. Considera-se este último passo o culminar e a sustentabilidade da estratégia de eficiência das redes de distribuição, para o presente e para um futuro cada vez mais próximo.

O trabalho concertado e orientado para a mitigação do elevadíssimo número de roturas existente nas redes de distribuição, com base na informação disponível no cadastro e sistema de gestão de operações (nº de avarias, reincidências, idade da infraestrutura, materiais, etc.), esteve também na causa/estratégia da nossa eficiência ambiental, tendo sido possível reduzir em 67% o número de roturas.
Existe um conjunto de ferramentas disponíveis para auxiliar nesta temática das perdas de água, no caso em concreto do GRCP, equipa responsável pela monitorização dos sistemas de abastecimento de água, temos disponível uma aplicação web onde é possível consultar dados de cadastro das infraestruturas, de forma a proporcionar-lhes o conhecimento necessário e em tempo real sobre as infraestruturas que estão a operar.

Esta equipa tem também ao seu dispor os dados da aplicação de gestão de clientes, disponibilizados através de um dashboard desenhado à medida das suas necessidades recorrendo à aplicação ArcGIS Dashboards, no qual é possível consultar dados de clientes e sua localização, volumes faturados e equipamentos de medição. Nesta aplicação encontram-se parametrizadas as mais diversas análises, como é o caso da análise dos consumos por zmc, análise de consumos por localidade, desvios de consumo médio, grandes aumentos/diminuição de consumo, consumos nulos, comparação com períodos homólogos de anos transatos, análise do parque de contadores, leituras reais e estimadas, grandes consumidores, regas, entre outras. Esta informação poderá depois ser analisada conjuntamente com os dados existentes no sistema de supervisão SCADA.
De igual forma importante é a análise da gestão de ocorrências e ordens de trabalho. Esta informação é registada na plataforma de gestão operacional a qual contempla uma componente de mobilidade. Recorrendo a esta informação é possível avaliar o tipo de ocorrências existentes e a sua localização em mapa nos sistemas de abastecimento.

No que concerne às atividades de deteção de fugas, as equipas utilizam tablets com a aplicação ArcGIS Collector onde efetuam o registo das fugas detetadas. Por sua vez parametrizámos uma aplicação web e um dashboard, disponibilizádos aos gestores, onde é possível analisar os dados provenientes do terreno e acompanhar a evolução das fugas detetadas/reparadas e os indicadores volume e custo recuperado.
Porque escolheram esta tecnologia e aplicações?
O objetivo inicial da implementação do sistema de informação geográfica passou pela necessidade de centralizar a informação numa plataforma que fosse transversal a toda a empresa.
A opção pela tecnologia Esri, permite-nos ter uma plataforma SIG que não é apenas um sistema de cadastro, mas sim um sistema integrado que serve de suporte ao projeto, suporte à operação e manutenção, possibilita a integração de sistemas e no qual a informação está sempre disponível e de fácil acesso.
Que dificuldades sentiram e como as ultrapassaram?
Quanto a questões operacionais, o problema de maior relevo encontrado neste projeto, com maior impacto no seu início, prende-se com a idade avançada de grande parte das infraestruturas e a consequente incidência de avarias nos seus componentes. Os recursos humanos internos disponíveis, eram insuficientes para fazer face em tempo útil a um número tão acentuado de avarias nestas infraestruturas, com o devido reflexo no valor das perdas reais.
Quanto a questões técnicas de sistemas de informação, a maior dificuldade sentida passa pela integração de alguns destes mesmos sistemas, em particular pelo sistema de gestão de clientes, atualmente, esta integração não está como pretendido, ou seja, efetuamos atualizações mensais dos dados da gestão de clientes e temos como objetivo definido a atualização diária desta mesma informação.
Não sendo este o primeiro projeto de sucesso entre a EMAS de Beja e a Esri Portugal. Qual o segredo para o sucesso desta parceria?
O sucesso destes projetos depende de três fatores principais, em primeiro lugar o fator gestão, ou seja, os processos organizacionais devem estar corretamente definidos, depois é fundamental centrar as questões na perspetiva do funcionamento da organização e adaptar os sistemas às necessidades desta e não o contrário.
O fator humano, é necessário possuir recursos humanos habilitados e mantê-los motivados e focados na procura dos objetivos propostos.
O fator Esri, o parceiro que nos fornece o suporte necessário para a concretização dos nossos objetivos e nos disponibiliza as mais recentes tecnologias e inovações na área dos sistemas de informação geográfica.